
Quarenta e nove. Esse é o número
que pode aumentar final de semana que vem, quando serão disputadas
as provas finais do XIBR (Décimo primeiro campeonato Brasileiro
de Agility). O Unificado, até por contar com as três categorias
dividindo pontos, é o ranking com mais participantes. Uma tabela
lotada que tem como líder José Luis com Dino e como 49º
Marco e Brown. O primeiro velho conhecido, no grau 3 desde 2006 e o segundo
recém chegado.
Desses quase 50 duos apenas três
não pertencem ao grupo 1, de cães pastores, são 31
Borders, 15 Shetlands, 1 Poodle, 1 Schnauzer e 1 Cocker Spaniel. Com a
notícia da discussão de possíveis times em Mundiais
mistos, formados por duas raças pelo menos (ex: 3 Shetlands e 1
Poodle), vem é claro a tentativa de entender porque tão poucos
cães fora dessas duas (bc´s e shelties) estão competindo
no grau 3.
Antes de começar gostaria de
dizer que são aceitos cães grau 2 em mundiais e que o foco
dessa matéria são os minis e midis, já que só
existem hoje duplas Standard formadas por Borders. A variedade de raças
competindo em alto nível na Europa e América do Norte é que me levou
a fazer a matéria. Há pouco tempo atrás tivemos um
Poodle campeão mundial individual. Não existem fórmulas a venda, pesquisar é uma saída.
Vamos lá então!
Fiz contato com todas as três
duplas que marcaram pontos nesse ranking e com uma quarta que com uma trajetória
rápida, após sair do iniciante, chegou ao grau 3 e não
entrou em pista. Pode parecer que na verdade a matéria é sobre
rebaixamento, a intenção não foi essa. Pra entender porque estão no 3, é preciso saber por que pediram ou não
rebaixamento.

A primeira Valéria Alves,
a Val, compete com a Xena, um Schnauzer Miniatura. Os Schnauzers
são divididos por cores e tamanhos, Xena é um Sal e Pimenta,
no entanto temos ainda Standards e Gigantes. Entre cores e tamanhos são
12 raças.
Campeã recentemente no Américas
e Caribe 2010 com o time mini/midi do Brasil, questionada sobre a possibilidade
de pedir rebaixamento para o grau 2, visando melhores resultados, mais
pontos e pódios, Val foi incisiva: "foi tanto treino e esforço
pra passar pro Grau 3 que acho que mesmo estando em último, nós
merecemos estar lá".
Além de Xena, Val tem mais
quatro cães, todos eles fazendo agility. Outro Schnauzer Miniatura,
um Poodle e dois Borders. No Grau máximo do Agility Brasileiro desde
2007 ela brinca que está lá mais por sua companheira, "na
verdade é mais pela Xena mesmo. Ela é Grau 3 pura! Eu é
que não (risos)".

Vivyane Specian, companheira
de time de Val no A&C2010, foi a segunda condutora com quem conversei.
Fazendo a carreira completa, começando como quase todos no iniciante,
está no grau 3 desde o ano passado com sua Poodle. Meg tem cerca
de 25cm de altura, é um cão muito pequeno, em sua categoria
eles devem pular entre 25 e 35cm.
O argumento da Vivy, como é
mais conhecida, vai pra outro lado. Quando perguntei sobre um possível
rebaixamento explica que sua intenção no grau 3 é
sair da rotina de outros graus e enfrentar maiores desafios pensando no
futuro com outros cães. "as pistas técnicas estão
no Grau 3, são as de maior dificuldade no agility brasileiro"
que assume ter problemas de tempo com Meg no grau 3 e complementa com uma
pergunta "se eu a rebaixasse poderia ganhar provas e até mesmo
campeonatos como aconteceu no Grau 2, mas e a experiência de conduzir
em pistas mais técnicas?".
Vivyane compete com outros cães
e treina um filhote nesse momento, um Shetland. Pretende usar sua experiência
com Meg com seus próximos cães que venham a chegar ao grau
3.
As outras duas condutoras entrevistadas
conduzem Cockers.
Juliana Martins teve uma trajetória
vencedora após sair do iniciante com Mel, sua Cocker Spaniel. Mais
rápida do que vencedora. Em apenas 18 pistas, depois do primeiro
excelente zerado, saiu do grau 1 para o grau 3! Pediu rebaixamento, não
chegou a disputar provas. Entre grau 1 e 2 foram apenas 13 provas. Para
seu primeiro cachorro, vindo do iniciante, um desempenho acima do normal.
"Tinha pouco tempo mesmo, mas
pedi o rebeixamento por conta da competitividade. A Mel não tem
velocidade de um cão grau III, ainda mais com o TSP baixando a todo
o momento. Não teria condições." explica.
Juliana, que está há
um combinado zerado para subir novamente ao grau 3, conta que pediria novamente
rebaixamento mesmo se houvesse a categoria "qualquer raça menos
pastor de shetland" no grau 3.

Pra finalizar conversei com Daniela
Zambotto que conduz Brenda, uma Cocker Spaniel, que no midi compete
hoje no grau 3. Quando passou pela primeira vez chegou a competir.
"pedi
rebaixamento após 2 provas por causa do tempo dela em relação
aos outros (levamos uma lavada!). Depois passei mais uma vez e não
cheguei nem a mudar de grau, já continuei no gr2 para terminar o
campeonato que ela estava liderando" na segunda vez que mudou
as provas eram Open (graus 2 e 3 juntos) "não fazia sentido
eu ser grau 3".
Daniela, que também já
conduziu Schnauzer e vários Jack Russel conta ainda porque não
pediu rebaixamento depois de ter passado novamente para o grau 3: "resolvi
mudar pela dificuldade do percurso" completando que os objetivos
no grau 2 foram alcançados "Ela já ganhou vários
campeonatos no gr2, já consegui baixar o tempo dela diminuindo as
curvas e considero que ela já chegou no máximo no agility,
conquistou tudo que poderia".
Sobre uma possível categoria
no grau 3 sem os Shetlands tem uma opinião bem formada. "é
uma categoria competitiva e tá lá quem quer" complementando
que com a possível regra de times formados por duas raças
em mundiais uma categoria como essa, exclusiva para "não shetlands",
poderia ser ruim "temos que ter um cão de outra raça
que seja rápido, criar essa categoria no gr3 pode "desestimular"
a velocidade".
Pra finalizar a matéria gostaria de agradecer a Val, Vivy,
Ju e Dani pelas entrevistas. Obrigado e espero que essas quatro experiências
e opiniões sejam válidas para outros condutores. Sem querer acabei
achando quatro trajetórias distintas, se é que existem duas
parecidas dentro desse esporte. A pergunta, "estariam prontas duplas grau
2 para competições internacionais?", não foi respondida
aqui, dessa vez. Temos que continuar, apenas, a pesquisa!
Grande abraço,
Fabiano Estigarribia