Artur Pires é natural de Portugal, mas como árbitro é brasileiro, uma vez que formou-se aqui no Brasil para desempenhar tal função. Há pouco esteve em Portugal julgando duas competições e respondeu algumas perguntas compartilhando um pouco da sua experiência.
CBA
- Artur, quais campeonatos e categorias vc julgou agora na europa?Artur Pires - As duas
provas que julguei foram em Lisboa uma etapa, a outra foi julgada pelo
meu amigo Filipe Vilhena, do campeonato sul do CPC a convite do meu amigo
Luis Narciso e no Porto julguei duas etapas da Copa ibérica de Agility
convite do meu amigo Filipe Vilhena. Em ambos os casos julguei as três
categorias , grau 1, grau 2 e grau 3.
CBA - Eles lhe pediram algo em especial na montagem de suas pistas? Artur Pires - Para a grande maioria
dos competidores de ambas as provas, o Artur Pires árbitro era uma
novidade, embora a internet mostre mais ou menos o estilo de cada juiz,
é sempre uma incógnita o que se apresenta. No meu caso nada
de especial me foi pedido, aliás com nunca foi. Apresentei pistas
que já havia colocado aqui no Brasil, ao meu estilo, rápidas,
fluidas mas técnicas, onde a leitura da pista é muito importante.
CBA - Você já não presenciava o agility em
Portugal e Espanha já faz um tempinho, o que mudou? Como está
o Agility nestes países?
Artur Pires - Poderei falar mais
de Portugal já que ambas as etapas foram em Portugal e de Espanha
apenas algumas duplas, o que não dão para aferir o agility
do pais, mas mostraram algumas duplas a ter em conta.
Encontrei basicamente os mesmos condutores que já no meu tempo
sobressaiam.Com outros cães, outros estilos de condução.
Falta quantidade e principalmente um grau 1 melhor já que o grau
1 é o futuro. Talvez falte uma categoria iniciante para ir metendo
duplas em competição, talvez....
Talvez falte uma comissão... mas isso só quem lá
está poderá falar, pois é difícil dar opinião
em causa alheia. Gente com capacidade existe.
CBA - Gostou em especial de alguma dupla? Artur Pires - Tem algumas duplas
que me deixaram uma impressão muito agradável. Alguns cães
com bom potencial e dois condutores, para fugir aos craques habituais
eu destacaria. Belmiro Sousa, Portugal e Júlio Freire de Espanha.
O primeiro uma novidade para mim, foi a primeira vez que o vi em pista
e o segundo, velho amigo, pelo avanço técnico que apresenta.
CBA - Quais as novidades de treinamento e condução
você pode observar? Artur Pires - Sempre disse que
na Europa não existe pressa em colocar um cão para competir.
Por isso o trabalho é feito em outro ritmo. Um exemplo qualquer
dupla eliminada pode terminar a sua pista, a treinar, treinar mesmo com
brinquedo comida etc, aproveitando para tirar o máximo partido da
situação. Claro que estamos a falar de provas de cinquenta
cães e portanto uma situação impensável para
aqui, ou não, mas que sem duvida traz resultados e eu mesmo vi de
uma prova para a outra, outra situação é a liberdade
que os condutores dão ao cão em determinados trechos do percurso
o que aliás hoje virou uma tendência mundial. A maior novidade
é a maneira como todos parecem treinar running contacts.
CBA - Com tantos anos de agility e arbitragem e toda sua experiência
internacional, o que você viu de novo e como estão as duplas
brasileiras frente as duplas que você teve a oportunidade de julgar? Artur Pires - De novo, quase todos
os condutores mais experientes e alguns novos com bons cães mas
ainda um pouco inexperientes como dupla, a fazerem conduções
,modernas onde se ajuda o cão em determinados pontos e onde se deixa
o cão trabalhar sozinho em outros. Em pistas rápidas, mas
técnicas com as minhas e do Filipe pode-se ver isso perfeitamente.
Comparar é um pouco difícil, e apenas posso comparar as
duplas de Portugal, em que vi praticamente todas. Existem duplas Portuguesas
que fariam boas provas no Brasil e dariam muito trabalho ás nossas
melhores duplas, sem duvida alguma, mas num todo o agility Brasileiro está
mais evoluído, mais duplas, mais duplas com melhor qualidade, melhor
organização.
Abaixo dois percursos julgados por Artur Pires na PetFil
Retirados
do site do Hugo Santos - Just Agility
CBA - Alguma sugestão para nossos coachs e praticantes do
agility brasileiro (depois do contato com os condutores da Europa)? Artur Pires - Conseguir trabalhar
uma autonomia maior do cão, em determinadas partes das pistas inclusive
contatos. Running contacts é a palavra de ordem.
CBA - Foi apresentado o novo pneu, no último final de semana
do XIVBR. Explica pra gente o que muda e o que as duplas deverão
estar atentas? Artur Pires - O pneu pela sua situação
rígida, tem sido o grande responsável por algumas cenas menos
agradáveis para os cães.Com o pneu desmontável isso
vai ser muito atenuado já que com o impacto ele abre e assim impede
o animal de uma pancada mais forte.
O que muda no julgamento. Se o cão passar pelo pneu e este se
abrir, sinônimo de que o cão bateu nele, será marcada
uma falta, igual ao derrube de uma vara. Se o cão bateu no pneu
, mas não o ultrapassou, mas com isso o pneu se abriu e o juiz marcou
o refugo, tendo o cão de voltar a fazer o obstáculo,
será marcada destruição de obstáculo e a dupla
eliminada.
Por ter sido pensado para preservar o cão, mesmo com algumas
criticas que sempre vão surgir, eu apoio incondicionalmente esta
alteração, embora para já não seja obrigatória
a sua utilização.
CBA - Obrigado Artur pela entrevista e o epaço fica a sua
disposição: Artur Pires - Gostaria de dizer
que foi um prazer e uma alegria muito grande ter estado de novo com essa
família Ibérica do agility. Rever grandes amigos e com eles
fazer aquilo que tanto gosto, agility foi de uma grande emoção.
Torço por vocês, pelo vosso esforço .pela dedicação
e pelas vossas conquistas.