Iniciamos nossas matérias com os veteranos, passamos
pelos mais graduados do grau 3, voltamos aos campeões do grau 1
e agora vamos aos iniciantes. As duplas que terminaram o XIV Campeonato
Brasileiro tem em comum um certo receio, um medo que aos poucos o agility
ajuda a minimizar.
Na foto ao lado Rae com Fritz e Marcela Checchia.
Vamos começar com Fritz, um cão resgatado da rua!!! Um
exemplo. Rae Swen com Fritz (SRD) que começaram devagar,
marcando apenas 34 pontinhos nas primeiras quatro etapas. Nas seguintes,
seis, foram 350. Um desempenho que deu o título nas finais em Itú.
Veja a entrevista que fizemos com Rae, onde ela conta a história
de Fritz.
CBA: Fritz é um cão sem raça definida, nos
conte um pouco da sua história até chegar ao agility?
RAE: O Fritz foi abandonado perto
da nossa casa quando era adolescente, quando eu e meu marido o encontramos,
estava apavorado. Resolvemos recolhê-lo. Como era muito ativo e fora
de controle para ser doado, resolvemos ficar com ele. Primeiro eu ensinei
obediência básica para ele e depois entrei num grupo de adestramento.
Haviam desafios enormes a ser superados, pois o Fritz tinha muito medo
de ser abandonado e de outros cães, além de ter a atenção
muito dispersa. No grupo ele venceu um pouco os dois medos. Mas foi
lá que descobri a paixão dele pelo brinquedo e assim consegui
fixar a sua atenção em mim, me tornar mais interessante para
ele.
Quando começei o agility ele já estava muito atento mas
ainda muito inseguro. Ele é muito sensível e no início
estranhou quase todos os obstáculos. Felizmente, o brinquedo ajudou
a animá-lo com obstáculos novos e aprendeu com facilidade.
Estou muito grata à Kay por ter me encorajado a fazer agility e
me convencido que ele poderia sair bem nas provas e ao Zé e a Marcela
por me ajudar e encorajar nas aulas e nas provas. Agora ele adora o agility
e vai para as provas feliz, mesmo que a sua insegurança reapareça
ao chegar ao local da prova. Mas uma vez que ele começa
uma pista, ele está muito concentrado e animado.
CBA: É o seu primeiro título no agility, como você
está se sentindo?
RAE: Este título significa
o sucesso que eu tive em enfrentar as inseguranças do Fritz
e sair bem, mesmo num ambiente que é complicado para ele.
Ele ainda é inseguro, mais cada dia menos. Também representa
a ligação de confiança e comunicação
que melhorou através do agility. Ganhar o título foi apenas
uma consequência destas coisas. Para mim, conseguir
o título com um cão que nunca teria sido escolhido para
competir e ganhar serve como uma prova da capacidade do adestramento com
respeito e compreensão e ilustra o ignorância das pessoas
que preferem abandonar a ensinar cães com o potencial de ser bons
companheiros e até campeões.
CBA: Quais os planos para o futuro?
RAE: Os meus planos para o futuro
são de continuar aprendendo sobre o agility com Fritz e aproveitar
a maior confiança dele para aprender a trabalhar a uma distância
maior para conseguir aumentar a nossa velocidade. Também tenho uma
cadelinha (também SRD da rua) que eu pretendo começar no
agility logo. Mais importante que títulos futuros é me divertir
e conseguir bons resultados com os cães que eu tenho.
...
Ana Burnier e Akira (Pastor de Shetland) venceram e unificaram
também o título estadual com nacional vencendo o ranking
do iniciantes Mini/Midi do XIV Brasileiro. Com altos e baixos intercalou
bons finais de semana com não tão bons, marcando pontos em
seis das dez etapas. Mesmo assim a vitória no ranking foi a continuação
do trabalho que começou na V Copa Paulista. Veja abaixo a entrevista
que fizemos com Ana:
Na foto ao lado é tanta gente tirando casquinha do pódio que... Ana é quem está com o cachorro, no caso Akira.
CBA: Quais os problemas que você enfrenta com a Akira,
foi algo que você enfrentou do início ao fim da competição
ou foi melhorando?
Ana Burnier: O maior problema com
a Akira é o medo, os sustos que ela leva devido a uma não
socialização completa. Ou Seja, ela é maravilhosa
e a culpa dos sustos é única e exclusivamente minha....Nós
começamos a competir justamente para ela poder se acostumar com
som, lugares, pessoas e em especial com o meu nervosismo. Sei que
passo meus medos e ansiedade e aí, não tem jeito.. ela acaba
ficando mais ansiosa. Tudo foi melhorando ao longo deste ano como
iniciante. Com as orientações do nosso coach fomos
trabalhando exercícios de atenção, de condução
e descobrindo formas de entrarmos a cada pista com mais sintonia.
Mas isso é do esporte, não se faz uma dupla de um dia pro
outro. O mais importante disso tudo foi vê-la latindo pela
primeira vez em pista, feliz e focada, mesmo tendo me dado um perdido na
casa da última pista de domingo... onde até agora tenho certeza
que a culpa tb foi minha! kkkkk
CBA: Como é ser campeã logo na primeira temporada?
Ana Burnier: Claro que muito feliz,
foi um presente, um reconhecimento. O retorno do trabalho desde o primeiro
treino. Só tenho a agradecer a minha Kiririm, ao nosso Coach
Tiago, ao meu marido e amigos e a nossa escola, por todo o carinho
e força passados nos treinos e nas provas.
CBA: Quando você viu que poderia ser campeã? Próximos
passos?
Ana Burnier: Foi tudo apertado
até o final e como na verdade o maior desafio é com vc e
sua dupla, só realizei que dava quando terminou. Mas é
o começo pra gente e agora é treinar bastante, fazer os cursos
que conseguir, continuar o trabalho e os deveres de casa que o nosso coach
passa com a Akira para, a cada dia, ela estar mais feliz com a brincadeira
e assim os resultados acontecerem naturalmente.
Fotos: Miguel Ferigatto
Parabéns pelos títulos, vocês serão com certeza grandes exemplos para os que entrarem em pista daqui para frente!
CBA