Recentemente,
passamos a encontramos nas pistas do Agility Brasileiro um pequeno pastor
preto. É o Schipperke, o menor cão do grupo dos pastores.
Embora a criação no Brasil ainda seja pequena, essa é
mais uma raça comum no Agility mundo a fora e pouco tempo atrás
vimos o primeiro Schipperke competindo no Brasil, o Pypo da Carol.
Entrevistamos a Tammy St. Louis, uma treinadora canadense, Diana Kinnear,
criadora canadense de Schipperkes, a Carol, que atualmente compete com
o Pypo no Iniciante, e também a Fernanda, de Curitiba, que está
treinando seu Schipperke, o Ty.
Vamos às perguntas!
CBA - Conte um pouco sobre o Schipperke.
Tammy – Eles são muito ativos e muito espertos, aprendem
rápido se vocês estiverem treinando corretamente e parece
que todos AMAM comida. Eu já mencionei que eles são muito
ativos? (risos)
Diana - O Schipperke é realmente um cachorro completo – um cão
trabalhador com cérebro. Eles PENSAM sobre aquilo que você
está pedindo deles. E eles aprendem muito rápido. MAS uma
vez que eles aprendem – eles precisam saber POR QUE eles precisam fazer
isso para você. O que eles ganham com isso? Eles irão fazer
você rir quando “zoarem” você – para deixar a brincadeira interessante
para eles. Schipperkes são fortes e robustos – mas pequenos o suficiente
para viajar para muitos lugares sem ocupar muito espaço.
Fernanda - O Schipperke é considerado um cão pastor. Muitas
vezes é chamado de mini Pastor Belga Groenendael, mas são
duas raças distintas. A única cor aceita pelo padrão
da FCI é a preta. É de tamanho pequeno, chegando no máximo
a 34 cm. São cães fortes e musculosos e, apesar do tamanho,
se acham enormes. Tem um temperamento forte e devem ser bem socializados,
caso contrário se tornam arredios a estranhos e às vezes
agressivos. Possuem o instinto de guarda muito forte.
Carol
- O Schipperke é uma raça belga que apesar de pouco conhecida
existe desde o século XVI, é uma variação pequena
do cão que também originou o Pastor Belga Groenendael, daí
tanta semelhança. Os Schipps são curiosos e incansáveis,
ficam o dia inteiro atentos aos menores sinais de movimento e zanzando
de lá pra cá. Até mesmo depois de muito exercício
eles ainda têm energia para deitar perto da porta e espantar qualquer
um que venha "perturbar" a segurança de sua família. São
cães multi-uso e fazem de tudo: guarda, caça, companhia,
adestramento, faro e até pastoreio. Odeiam o tédio e a chatice
e, apesar de apegados aos donos, eles não farão nada que
não valha a pena e não trabalharão a toa.
CBA - O que te levou a ter um Schipperke?
Tammy – Eu sempre tive raças grandes e eu queria uma raça
pequena que pudesse se cuidar com os grandões e não se machucar.
Esses carinhas são durões e DEFINITIVAMENTE aguentam os grandões.
Eles não perdem muito pelo e são muito ativos, o que eu amo.
Fernanda - Estava procurando um outro cão mini para o agility
e que fosse de uma raça diferente. Pesquisando na internet conheci
o Schipperke. Fiquei sabendo de um filhote que estava sendo treinado no
Dog World e o conheci numa prova do Brasileiro, era o Pypo da Carol. Me
apaixonei de cara. O cachorro era lindo e simpático. E ainda vi
vídeos e fiquei sabendo que ele estava indo super bem nos treinos.
Entrei em contato com alguns criadores, uns 2 na verdade pois não
existem muitos aqui no Brasil, e pedi para um deles: quero o filhote mais
doidinho que você tiver. E assim veio o Ty, mais doido impossível.
Carol - Primeiro eu queria um cachorro, qualquer cachorro! Haha. Eu
queria um que brincasse, corresse e que fosse ligado em aprender (a verdade
é que eu sempre gostei dos louquinhos), eu abominava a idéia
de ter um cão só para fazer carinho e sentar assistindo tevê,
mas eu morava em apartamento e ter um cão grande estava fora de
questão. Foi aí que eu encontrei uma criadora de Schipperke
no orkut, já conhecia a raça e comecei a conversar para descobrir
um pouco mais. Pimba! Viajei até Itaipava para conhecer um exemplar
pessoalmente e alguns meses depois o Pypo chegou!
CBA - Quando e como você começou no Agility com seu
Schipperke?
Tammy – Eu vi o Agility um dia e achei que seria ótimo para meus
cães, que eles adorariam. Nós tentamos, eles adoraram e todos
foram muito bem, então eu comprei alguns obstáculos e comecei
a dar aulas de Agility.
Fernanda - O Ty chegou em julho de 2007, com 62 dias. Começamos
a treinar na pista quando ele estava com 4 meses, mas antes trabalhamos
comandos básicos e a vontade dele pelo brinquedo. Ele é alucinado
por brinquedos de morder, um colega que é adestrador da polícia
disse que ele daria um ótimo cão para o trabalho lá
hehehe. Também ama comida, o que torna fácil o treinamento
dele.
Carol
- Eu já conhecia o esporte da internet e vira e mexe eu via os anúncios
de escolas na Cães & Cia, eu gostava muito de adestramento e
secretamente eu já havia decidido que o meu cão praticaria
agility. Fiquei convencendo meus pais enquanto ele ainda não podia
sair na rua e foi só a vacinação acabar que ele já
estava no DW.
CBA - Quais as dificuldades você teve no treinamento do seu
Schipperke?
Dianna – Um Schipperke está no seu auge depois dos 3 anos
de idade – antes disso, eles retêm muito as atitudes de filhotes,
de brincar, correr, saltar. Só então eles começam
a amadurecer. Eles melhoram com o tempo, muitos deles vencendo Best in
Shows, os melhores lugares de Obediência e Agility depois dos 6 anos
de idade. Então, eles demoram mas valem a pena. E eles geralmente
vivem por um bom tempo – 12, 14, 16 anos é comum.
Tammy – Não foi muito difícil afinal, obediência
é a chave para o sucesso. Eles já tinham uma boa obediência
então “comunicação” é um bom começo,
eles entenderem o que você quer.
Fernanda - Por ele ter sido muito bem socializado, volta e meia saia
correndo para festejar qualquer pessoa que estava na escola. Por ele ser
pequeno (31cm) achei que não teria problemas com a zona de contato
da passarela, mas estou tendo, ele pula mesmo! Agora terei que fazer um
trabalho nisso. Acho que a única coisa que prejudica o treinamento
e o desempenho do Ty no agility é seu tamanho. Ele é pequeno
e quadrado, mas acho que conseguiremos bons resutados, pois a vontade dele
trabalhar é grande.
Carol - Hahaha, essa é fácil! Concentração.
No começo ele era ótimo, só recebia elogios e fazia
tudo com a maior facilidade do mundo. Aí veio a adolescência...
Eu fiquei fora do país por um tempo e quando voltei, ele nem queria
saber de mim dentro da pista, aos poucos ele foi melhorando, mas se distraía
por qualquer bobagem. Fiquei quase nove meses só pra focá-lo
em pista e hoje ele parece estar curado, rs. A curiosidade é sempre
um problema no treino dos Schipperkes, mas pessoas mais experientes conseguem
driblar isso sem tanta dificuldade. Afinal, por mais que eu tivesse estudado
todo material possível antes de adquiri-lo, eu ainda era uma marinheira
de primeira viagem.
CBA – (Para Dianna) O que você espera dos filhotes de sua criação?
Dianna – Nas minhas ninhadas, eu procuro uma boa conformação,
com estrutura forte para que possam trabalhar e um temperamento fabuloso.
Um cachorro que possa viver em uma casa, que tenha vontade de agradar e
de trabalhar. Mas eles precisam ser bonitos também. Saúde
e genética são importantes também – controlo todos
os problemas de saúde. Um schipperke precisa ser saudável
para ser um cão de compania e de trabalho.
CBA - O que você aconselharia para alguém que deseja
ter um Schipperke?
Dianna – Se alguém quer um Schipperke, procure por essas qualidades
– beleza, inteligência, saúde e temperamento. Não há
necessidade se contentar com menos. Uma linha que tenha sido selecionada
para vencer títulos de exposição, obediência
e Agility é com o que você deve começar – não
aceite nada menos do que o melhor.
Tammy – PESQUISE! Saiba o que você está pegando em termos
de atividade, eles NÃO são a raça para todos, eles
têm muita energia e podem ser muito destrutivos se não forem
tratados adequadamente.
Conheça vários exemplares da raça, se prepare para
exercitar muito seu cão para deixa-los saudável e com a mente
estável.
Fernanda
- É uma raça maravilhosa! Não tem quem não
se apaixone por eles. Só que são ligados na tomada o dia
todo. Aconselho a raça para alguem que vá fazer alguma coisa
com eles, senão a pessoa vai ter problemas na certa. Devem ser muito
bem socializados também, caso contrário ficam tímidos
e agem com agressividade. São ótimos com crianças,
o meu brinca muito bem com meu sobrinho de 5 anos, se adoram.
Carol - Eles precisam de donos com mão firme e que disponham
de tempo para gastar com o cão. Além disso, quanto mais experiente
o dono melhor, mas eu sou a prova de que os inexperientes também
conseguem dar um jeitinho. Não são carentes e um pouquinho
de carinho e colo já é mais que suficiente, mas precisam
de companhia e odeiam ficar sozinhos. Quanto aos cuidados o Schipp dispensa
a maioria, eles realmente não precisam de banho (que em excesso
prejudica sua pelagem característica) e as escovações
só são mais necessárias para os exemplares de apartamento,
nos outros se aconselha escovar a cada quinze dias para retirada de pêlos
mortos e para manter o brilho da pelagem. Ah! Vale lembrar que a socialização
é fundamental nessa raça que tem uma senhora facilidade para
se tornar arredia ou até agressiva.
A CBA agradece a Tammy, a Diana, a Carol e a Fernanda pela atenção
em responder as perguntas. Esperamos que tenham gostado de mais essa ótima
raça para a prática do Agility!
Até a próxima com mais uma Raça do Mês!
Renan Campos